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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Chefe De Fase



Entrei em um quarto dentro da construção destruída e tomada por forças incompreensíveis, dentro dos corredores escuros estavam teias de aranha em tal numero que parecia ser eu o único a passar por aquelas paragens em décadas se não mais. 

Minha surpresa não foi pequena quando dentro da câmara mais funda que fui cuja a luz da noite afora não tocava, longe de teias e de ratos, longe de insetos e de toda vida animal do subterrâneo havia roupas, sapatos, todos de pequeno porte, vestes de criança. Uma mesa com banquete suculento se fazia presente escondida na penumbra, velas apagadas e tochas frias também ocultavam murais artísticos de um ser flácido, magro alem do limite da vida cuja a pele uma vez cheia de gordura agora pendia como roupas grandes demais sobre o corpo de um doente, a figura possui-a certa nobreza antinatural em seu porte com grandes mangas pendidas de seus pulsos feitas pelo excesso de pele dos braços assim como um saiote com alguma elegância moldado pela mesma coisa.

Atos nobres contudo não era o que a criatura fazia em suas pinturas, crianças lhe pediam misericórdia enquanto ele as esquartejava, devorando seu corpo sem preocupar-se com os ossos sem contudo ganhar alguma da corpulência que seu corpo anterior deveria ter tido, a figura do ser pálido alem de monstruosa era sedutora em sua deformidade, convidando-me a continuar a ver as pinturas, hipnotizado pela arte demorei a notar que o monstro que tanto me chamava atenção estava sentado na mesa em frente ao banquete, com seu rosto voltado para o mesmo como se nunca pudesse toca-lo, como se nunca mais pudesse comer nada alem de vidas humanas, vidas de crianças.

Observei o monstro de perto, com cabeça vazia de feições reconhecíveis alem do que poderiam ser narinas, seu corpo parecia mais frágil ainda do que aquele que eu via na arte, morto a anos com certeza mais como o banquete não era tocado pelo vento, pelo tempo ou pelos animais, pensei eu, tolice, a fera tocou um prato a frente do corpo a qual eu não tinha notado em meio a penumbra e nele pegou olhos as quais encaixou em orbitas vazias em suas mãos desproporcionais, como uma maldição de ignorância em que só se pode ver o que é palpável, o que se toma como real, tal parodia da descrença me atingiu em cheio assim como a própria bizarrice de seu movimento e de sua própria existência. Mesmo com a aparente fragilidade da criatura não fiquei para testar meu ferro contra seu corpo, o terror me tomou e deu assas a meus pés, fugi e não me envergonho, mais temo pensar que aquela coisa ainda esta viva e procurando por comida, comida diferente da qual ele tem a disposição.

O Homem Pálido

Monstro, amaldiçoado, o sem olhos, o homem pálido, muitos são os nomes que essa coisa recebeu ao longo do tempo em que caçava crianças, muitas historias podem explicar a origem dessa criatura, de historias de um homem com grande glutoneria que foi condenado a ser incapaz de comer o que mais gostava no mundo ate historias sinistras de um monstro que nunca foi humano, que não pode ser nem mesmo compreendido, que mata com a frieza de um predador cravando os dentes numa presa, seja qual for a verdade perdida num tempo e num lugar que ninguém vivo pode lembrar a verdade atual é simples, um monstro terrível e sedento por carne humana em especial de crianças.

F4 H2 R3 A3 PdF0

Vantagens: Ataque especial poderoso, armadura extra físico, arena (sua própria sala), regeneração

Desvantagens: maldição, visão limitada, monstruoso, dependência

"Monstro perfeito para se usar em qualquer cenário de campanha"

Poderes únicos: O homem pálido pode uma vez por noite deixar a prisão que o mantem mais por algumas algumas horas, em tais momentos ele caça crianças para alimentar sua dependência, a única forma que possui para conter sua maldição , caso seja preso em algum lugar, o mais indicado em sua própria masmorra, com o tempo a criatura definharia apesar de sua imortalidade funcional.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

O Mestre da Masmorra

Feliz dia da Toalha/Orgulho Nerd

Desde pequeno eu preferia ler revistas em quadrinhos do que literatura, me parecia que o batman era mais importante que saber sobre o que o livro, senhora, o tronco do Ipu e o guarani falavam. Eu conheço o suficiente de física para saber das incoerências de starwars com relação a viagem de dobra, sabres de luz e explosões no espaço, mais sempre me diverti com essa historia magica em todos os sentidos. Sempre me perguntavam como eu não conseguia estudar com tanta vontade como leio RPG, mais o RPG me ensinou coisas que muitos dos meus professores não conseguiram me ensinar. Se eu me encontrar com meus amigos, nos não vamos jogar futebol, barbarizar numa boate ou conseguir encher uma rave, mais passaríamos horas discutindo alegremente sobre poderes de super heróis, filmes antigos e novos, aquela revistinha que saiu semana passada e só um de nos leu descobrindo que é muito boa ou aquele jogo de vídeo game difícil mais gratificante que nos obrigava a pesquisar de todas as maneiras como passar certa parte. Eu entendo perfeitamente algumas pessoas com raiva por nossos hábitos e paixões terem virado moda, mas era muito pior antes quando era coisa de fracassado. E quando alguém tentar entender nosso modo de ver as coisas não o trate mau, não diga "você não é nerd de verdade" porque na minha visão é melhor alguém tentando aprender a ser nerd, do que aprendendo a detesta-los.

Peguem os dados e a mochila, guardem nela o seu sabre de luz, neuralizador, não esqueça o cinto de utilidades.

Ah antes que eu me esqueça, sempre leve sua toalha e obrigado pelos peixes.


segunda-feira, 22 de maio de 2017

O Mestre da Masmorra

A Temática Gótica

Imagine um cenário situado em uma era antiga, muito similar a uma versão extremamente romantizada da nossa própria era medieval. Um mundo que ainda se apega a crenças e superstições antigas. Um pequeno e corajoso grupo de rapazes e garotas explora uma ruína antiga, tentando desvendar uma teia sinistra de mistérios, trancada dentro de um labirinto de passagens secretas. Nesses corredores tortuosos e sombrios os heróis enfrentam diversas ameaças sobrenaturais, mas nenhuma é tão terrível quanto o poderoso e corrupto mestre da fortaleza, que permanece no centro das ruínas e dos mistérios.

Essas imagens, familiares para quaisquer exploradores de masmorras dos jogos modernos de RPG, surgiram nos meios literários com o nascimento do gênero gótico no final do seculo XVIII. O pai deste gênero foi Horace Walpole, um autor diletante encantado pela sua visão romântica da idade media. Seu romance O Castelo de Otranto criou a base temática que todos os romances góticos antigos iriam seguir.

"Dark Souls, indo e voltando do cemitério"


Os romances góticos antigos eram contos de mistério, romance e horror psicológico. Embora geralmente se situassem em tempos remotos, seus autores estavam mais preocupados em estabelecer uma atmosfera de decadência e deterioração do que alcançar qualquer senso de exatidão histórica. No coração dessas fabulas antigas, permanecem os vastos castelos góticos em ruínas que batizaram o gênero. Essas cidadelas ancestrais eram mais do que simples cenários. Sua lenta transformação em ruínas pitorescas refletia a decadência espiritual de seus mestres, suas passagens secretas revelavam mistérios ancestrais e os espectros que perambulavam por seus corredores ocultavam pecados antigos nunca vingados ou mesmo esquecidos.

O senhor do castelo, e vilão do conto, era um assassino e usurpador que havia sacrificado inconscientemente toda a sua esperança e felicidade numa perseguição faustiana interminável por conhecimento, poder ou prazer. O protagonista, insignificante em comparação ao seu algoz, geralmente assumia o papel de uma garota encantadora e inocente em perigo nas mãos do vilão, ou de um bravo rapaz injustiçado ao ter seus direitos de nascença roubados.

Os contos góticos estão repletos de uma atmosfera de pavor sobrenatural. Maldições ancestrais e fantasmas perturbados manipulavam os acontecimentos e arruinavam sanidade dos personagens. Deformidades incomuns, como cicatrizes, marcas de nascença estranhas ou corcundas, transformavam homens em monstros, aparentemente punindo-os pelos crimes de seus pais. Os contos góticos evocavam horrores sutis, derivados de presságios, não da carnificina, a consciência de que o por do sol iminente libertará um vampiro de sua cripta, e não os detalhes mórbidos da fúria de um lobisomem. Na verdade, o sobrenatural era apresentado de maneira tão sutil nos romances góticos antigos que muitas vezes só era explicado completamente depois que o mistério central da trama já estava resolvido. Na claridade do dia, os fantasmas se ornavam meros truques de luz e as criaturas misteriosas revelavam-se apenas como ermitões enlouquecidos.

Mas não se pode negar a existência da presença sobrenatural nessas obras. Nos bastidores, as forças divinas do Bem e do Mal duelavam para determinar o fim da trama. A maioria desses contos góticos aderia fielmente a um mesmo roteiro: o vilão tirano cometera um crime terrível e escapara da justiça, mas sua existência fora corrompida e assombrada por seus pecados. Os jovens e inocentes protagonistas chegavam aos domínios do vilão. Este enfurecido com a pureza dos heróis ou temendo que eles descobrissem sua culpa, começava a perseguir os jovens inocentes. Conforme o conto se desdobrava, os caprichos do destino e os intrusos espectrais revelavam os crimes do vilão e as injustiças cometidas contra os heróis. Eram os próprios erros do vilão e as forças divinas da justiça, muito mais do que os infelizes protagonistas, que conduziam o vilão à sua danação. No final, todos os crimes eram vingados, o mal devorava a si mesmo e o amor verdadeiro emergia vitorioso.

"Não é sobre carnificina é sobre medo da noite e da lua"


O gênero gótico desenvolve-se no começo do seculo XIX. Novas gerações de autores quebraram a rígida formula do gótico antigo, acrescentando camadas às bases de Otronto. Os infelizes protagonista dos contos antigos foram deixados de lado, servindo apenas como meras testemunhas da ruína do vilão. O gênero gótico pertencia aos vilões: anti-heróis sofisticados que eram ao mesmo tempo repugnantes e carismáticos, detentores de um potencial surpreendente, mas desperdiçado em meio a terríveis falhas mortais. entre esses vilões góticos está Victor Frankestein, que foi condenado por suas ambições divinas, e o califa Vathek, que perseguiu sua ganancia por poder através de um inferno Árabe.

As maldições nebulosas e as assombrações dos contos antigos agora eram muito reais. Os novos autores góticos reinterpretavam as lendas ancestrais para inventar novos arquétipos de horror, Mary Shelley criou o golem de carne dando vida aos perigos e responsabilidades da paternidade. John Polidori se inspirou em seu companheiro, o famoso poeta Lorde Byron, para criar o primeiro vampiro aristocrata e carismático do mundo.

Os fantasmas e carniçais da tradição gótica eram, acima de qualquer outra coisa, doppelgangers alegóricos: reflexões sobre o mal humano. Quando Frankestein rejeitou seu monstro, afastou as terríveis consequências das suas ações profanas. Essas mesmas ações iriam retornar para assombrá-lo na forma da sua miserável criação.

Conforme o século XIX se desenrolava, as tradições góticas foram distorcidas alem de suas raízes. Quando o gênero começou a declinar, Edgar Allan Poe adicionou contos de demência e obsessão e em Os Assassinos da Rua Morgue Transportou o senso gótico de pavor antinatural para sua nova criação: o detetive erudito.

Mais uma vez, o gênero gótico retornava a vida no final do seculo. Os novos autores mais antigos. Os campos sociais de seu tempo aos estilos mais antigos. Os campos férteis da evolução e da psicologia ameaçavam provar que o homem era apenas uma besta oculta sob o fino véu da civilização. Desses medos, derivados de paixões reprimidas e traições, surgiram Dorian Gray, que escondia um retrato de sua verdadeira depravação: Dr. Moreau, que tentou transformar os homens em animais e a si mesmo em Deus: e Dr. Jekyll, cuja a luta contra sua selvageria oculta formaria as bases do lobisomem gótico.

À medida que o seculo XIX abria espaço para o século XX, um aspecto da antiga tradição gótica começava inesperadamente a voltar à tona, o herói. Os protagonistas de Drácula, de Bram Stoker, perseguiram seu adversário imortal através de toda a Europa para acabar com seu reinado maligno. Os detetives eruditos saíram de cena para dar lugar aos detetives ocultistas, como General Spielsdorf de Le Fanu, Van Helsing de Stoker, John Silence de Blackwood e Carnacki de Hodgson. Esses personagens não estudavam as ciências ocultas para conseguir poder, mas para combater o mal, esses virtuosos estudiosos deixavam seus correspondentes faustianos em regiões ainda mais profundas da escuridão.

Com seus contos sobre o caçador de bruxas puritano Solomon Kane, Robert E. Howard chegou a levar os estilos góticos para mundos de pura aventura fantástica, os mesmos gêneros de espadas e magia que um dia originariam os RPG de fantasia.

Com o surgimento do seculo XX, o gênero de horror continuou existindo. A tradição gótica deu lugar a contos estranhos de autores como H.P. Lovecraft, que mantinha uma aura gótica de decadência ao mesmo tempo em que criavam entidades estranhas e terríveis, refletindo uma sociedade humilhada pelas descobertas cientificas e a falta de humanidade durante a primeira guerra. Vampiros, fantasmas e lobisomens foram descartados como clichés gastos.

"Little Nightmares: o gênero gótico se recusando a morrer"


Mas eles sempre retornaram. Algumas décadas se passaram e a tradição gótica voltou com uma força total ao mundo, como o Sr. Hyde reprimindo há muito tempo. A cada ressurgimento do gênero gótico, os novos escritores distorciam os antigos arquétipos, aplicando sobre eles a inquietação de suas épocas. Cada era possui uma doença que poderia estar oculta nas botas de um vampiro, cada geração assistiu aos contos de Frankestein e Moreau se aproximarem um pouco mais da realidade.

O gênero gótico se recusa a repousar silenciosas em sua tumba. Seus horrores, vampiros, maniacos, fantasmas, continuam a ressoar dentro de nós, porque somos esses horrores.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Masmorra Bagunçada

A besta de Gevaudan - Mortes brutais e pavor que aterrorizou a França no final do século XVIII

Boa noite seres lupinos! No post de hoje conheceremos uma criatura que botou muito terror e matou muita gente por alguns anos na frança, Estamos lidando aqui com a besta de Gevaudan, que muitos tratavam como um animal selvagem com um único objetivo, matar. Mais será que tal "besta" não poderia ser um lobisomem? Tenho que confessar que meu coração palpitou um pouco fora do comum lendo a história que hoje vos trago, então não perca tempo que esta postagem é uma das melhores que eu já li! Boa leitura!



Entre os anos de 1764 e 1767 os habitantes da pequena província francesa de Gevaudan - atualmente parte de Lozere, próximo das Montanhas Margueride, foram aterrorizados por uma horrível criatura lupina que passou a  ser conhecida como La Bête du Gevaudan ou "A Besta de Gevaudan".

A criatura foi descrita como um monstro semelhante a um lobo, mas muito maior dos que qualquer lobo que já havia vagado pela região, sendo quase do tamanho de uma vaca ou de um burro. Suas patas eram dotadas de garras afiadas, a pelagem era escura como a noite, a cabeça maciça semelhante a um mastim com orelhas pequenas e retas, além de uma boca excepcionalmente grande, repleta de enormes presas. Mais do que uma aparência medonha, a criatura parecia dotada de uma maldade inerente que a impelia a matar pelo simples prazer de fazê-lo, não apenas para se alimentar ou defender.

Acredita-se que até seu reinado de terror se encerrar, a Besta de Gevaudan tenha matado algo entre 60 e 100 homens, mulheres e crianças, deixando ainda um saldo de mais de trinta feridos. Atestar a veracidade desses números, é claro, constitui uma tarefa impossível, mas ao certo se sabe que o caso realmente aconteceu e que o número de vítimas foi elevado uma vez que causou comoção em todo país, vindo a ser conhecido em outras partes da Europa.


O primeiro encontro relatado com a fera aconteceu em maio de 1764 na floresta de Mercoire próximo de Langogne na porção oriental de Gevaudan. Uma jovem que cuidava de seu rebanho de gado percebeu uma forma escura espreitando em meio aos arbustos. Ela contou que a fera saltou da mata investindo contra os animais, mas os touros conseguiram mantê-lo à distância com seus chifres. A criatura atacou por uma segunda vez lutando contra os touros, um comportamento incomum para um lobo, mas foi repelida novamente. Os animais conseguiram ganhar tempo suficiente para a mulher apavorada escapar e chegar até seu vilarejo, onde ela contou o que havia acontecido. Os homens da vila se armaram e foram até o local, encontrando alguns animais feridos, mas nenhum sinal do lobo.

Apenas um mês depois, o lobo apareceu novamente. Dessa vez o ataque terminou em tragédia, com a morte de uma menina que não conseguiu escapar da fera. O corpo da criança foi encontrado próximo a um córrego onde ela havia ido encher um cântaro de água. Ela havia sido horrivelmente mutilada e seu coração, segundo as estórias, fora devorado pela fera.



Nos meses que se seguiram a região mergulhou em um clima de apreensão à medida que o enorme lobo negro prosseguia em sua matança, parecendo ter desenvolvido um gosto especial por mulheres, crianças e homens solitários que se embrenhavam na floresta para cuidar de seus animais pastoris. A forma como a fera atacava também era incomum para um predador, pois ele visava a cabeça se suas vítimas, ignorando os braços e pernas, áreas em que lobos tendem a se concentrar. As vítimas que não eram inteiramente devoradas ou desapareciam sem deixar vestígios, eram encontradas com suas cabeças despedaçadas ou completamente removidas de seus corpos, algo que nunca se tinha ouvido falar até então.

Em virtude do grande número de ataques e vítimas fatais, alguns começaram a suspeitar que haveria mais de uma fera, um par ou quem sabe até uma alcateia dos temíveis animais. De fato, algumas testemunhas relatavam ter avistado a fera no momentos em que ela era vista em outro lugar. Alguns também diziam ter visto o enorme lobo andando com outros animais menores que ele parecia liderar. Os relatos se multiplicavam e um estranho boato começou a se espalhar: o de que a fera seguia as ordens de um homem misterioso todo vestido de couro preto que apontava as pessoas que a fera deveria matar. Para alguns era um nobre decadente que tornava o assassinato seu esporte, para outros era o próprio diabo.

A medida que a Besta de Gevaudan continuava a matar sistematicamente, as pessoas começaram a acreditar que por trás das suas ações havia algum componente sobrenatural. Caçadores perdiam o rastro da fera no meio da floresta, armadilhas eram ignoradas, armas pareciam negar fogo e os mateiros não entendiam como um lobo tão grande era capaz de se esquivar de todas as buscas. A habilidade da criatura em sobreviver a todas as tentativas de eliminá-la e o fato dela preferir matar mulheres parecia algo claramente sobrenatural. Os camponeses passaram a acreditar que não estavam enfrentando um simples lobo, mas um loup-garou, um lobisomen. Apesar de todas as providencias para aumentar a segurança erguendo cercas e acendendo tochas durante a noite, não havia sinal da fera diminuir a sua sede de sangue.

Em outubro de 1764 dois caçadores encontraram a besta na floresta e atiraram contra ela a uma distância de apenas dez passos. Eles atingiram a criatura quase à queima roupa e conseguiram derrubá-la, mas antes que eles pudessem recarregar os mosquetes para uma segunda salva, ele se ergueu e correu para o bosque. Os caçadores juraram ter acertado a fera, mas contaram que as balas não foram capazes de matar a besta imbuída de uma resistência, obviamente diabólica. Uma vez tendo contado o que havia acontecido, organizou-se um grupo de caça que encontrou facilmente os rastros de sangue adentrando o bosque, exatamente no local em que os homens haviam alvejado a criatura. Diante da quantidade de rastros, todos acharam que seria questão de tempo até encontrarem a carcaça da fera em algum ponto da floresta. Os homens entraram na parte mais profunda da mata, onde descobriram vários corpos de vítimas até então desaparecidas, mas nenhum sinal da fera responsável por aquele massacre. Quando se preparavam para retornar, o lobo surgiu sorrateiramente, investindo contra os homens e fazendo mais quatro vítimas fatais. Os sobreviventes contaram que dispararam inúmeras vezes, acertando o alvo, mas cada vez que a besta era baleada, se levantava para atacar novamente. Aterrorizados, os homens fugiram sem olhar para traz.      

Depois disso, o pânico se instalou de vez na região. As estórias sobre as façanhas da fera se espalharam, carregadas por caçadores, mercadores e viajantes. Logo não havia um caçador na França que não tivesse ouvido falar da maligna Besta de Gevaudan. Várias beats se formaram, grupos de caçadores compostos de vários homens, a pé ou montados, armados com mosquetes potentes, longas lanças de caça e mastins farejadores.

O chefe da milícia local, o Capitão Duhamel foi incumbido pelo próprio Rei Luis XV de encontrar e eliminar a ameaça responsável por deixar os camponeses em um estado de terror tamanho, que colocava em risco as colheitas. Duhamel organizou uma enorme grupo de voluntários formado por dezessete caçadores experientes montados à cavalo, um estoque de mais de 40 mosquetes previamente carregados e uma parelha de mais de trinta cães de caça. O grupo chacinou todos lobos que viviam na região. Segundo contas, mais de 200 animais foram mortos, mas nenhum deles se parecia com a elusiva Besta de Gevaudan.

Os caçadores espalharam armadilhas pela floresta, deixaram ovelhas em lugares acessíveis vigiados noite e dia, aguardaram e chegaram até a vestir alguns com roupas de mulher para tentar atrair a fera. Mas nenhuma dessas estratégias logrou êxito.

Finalmente em novembro, o grupo de Duhamel avistou a  fera e a perseguiu pela floresta, mas a perdeu em uma área onde os cavalos não conseguiram adentrar. Seguindo à pé, os implacáveis caçadores não se renderam e depois de encontrar com o enorme lobo em uma clareira dispararam contra ele supostamente o alvejando repetidas vezes. Ainda assim, a fera conseguiu escapar para dentro do bosque. O grupo acreditando que o animal não poderia sobreviver a todos os ferimentos infligidos retornou a Gevaudan onde foram recebidos como heróis.  

Dias se passaram sem nenhuma notícia da fera, até que no final de dezembro, perto do Natal, mais uma mulher desapareceu. O grupo de busca localizou os seus restos terrivelmente mutilados em uma ravina: o pesadelo continuaria. A credibilidade do Capitão Duhamel caiu por terra e ele foi destituído depois que um dos seus homens de confiança quase foi linchado por uma multidão furiosa.



Em Paris, as notícias foram recebidas com reprovação. Críticos da monarquia diziam que a fera estava fazendo o Rei de tolo e que o monarca não era capaz de cuidar da segurança de seus súditos e se livrar de um simples animal selvagem. Insuflando os rumores, alguns afirmavam que um nobre renegado estava por detrás das mortes, controlando um lobo selvagem. Para outros, o tal nobre seria o próprio lobo demoníaco, no qual se transformava nas noites de lua cheia.

Uma recompensa foi prometida para quem matasse a fera e apresentasse o seu corpo. Um emissário real viajou até a região de Gevaudan levando a notícia de que o caçador que eliminasse a fera receberia uma verdadeira fortuna. O Rei ordenou que a Fera de Gevaudan fosse morta e seus restos expostos em Paris como forma de acalmar a população.

O montante oferecido atraiu não apenas caçadores da França, como homens de todas as partes da Europa que convergiram para Gevaudan ávidos pela glória e pela riqueza. A caçada durou meses, e mais de cem lobos foram abatidos, mas nenhum deles foi reconhecido como sendo a fera responsável por aquela situação. Os habitantes locais estavam cansados da presença de tantos estrangeiros comendo a sua comida, remexendo os campos e invadindo suas propriedades. Alguns caçadores agiam de má fé tentando ludibriar as autoridades reais. Um homem chegou a apresentar a carcaça de um animal estranho e incomum, alegando que havia abatido a criatura após uma épica caçada. O mestre de caça, reconheceu os restos pelo que eles de fato eram, uma hiena, que aparentemente havia sido trazida do norte da África.

Após a morte de duas crianças em tenra idade, o Rei comovido pela situação, contatou um normando chamado Denneval, que fora Guarda Caça de um marquês e que tinha a reputação de ser o maior caçador da França. O monarca depositou no sujeito suas últimas esperanças e prometeu a ele um título de nobreza caso fosse bem sucedido na perigosa empreitada.


Em fevereiro de 1765. Denneval chegou a região de Gevaudan acompanhado de cinco ajudantes de sua inteira confiança, sendo um deles um nativo americano que ele havia encontrado em uma expedição a colônia de Manitoba e que era famoso pelas suas qualidades como rastreador. A entourage contava ainda com um verdadeiro arsenal de 50 mosquetes militares pesados, lanças com mais de dois metros de comprimento, bestas que disparavam setas de ferro, bombas explosivas de pólvora negra, armadilhas e correntes para capturar ursos e outros equipamentos modernos. Os homens do Guarda Caça, usavam armaduras negras de couro batido e eram uma visão aterrorizante, em especial o selvagem do Novo Mundo com o cabelo moicano e pintura de guerra. Denneval vestia uma armadura de couro e metal cheia de espinhos e dizem havia matado uma loba no cio e espalhado seu sangue em todo traje. O fedor que exalava era nauseante, mas ele estava confiante de que isso atrairia a presa.

O grupo de Denneval logo ganhou a companhia do jovem Jacques Denis, um rapaz de dezesseis anos que conhecia como ninguém a floresta e que provou não estar intimidado pela tarefa e nem pela aparência do bando. Jacques explicou que desejava se vingar da fera uma vez que ela havia matado sua irmã mais velha meses antes. O rapaz havia testemunhado o horrível ataque e visto o corpo sem vida da irmã ser arrastado como um boneco para a floresta de onde jamais foi recuperado. O rapaz foi aceito na companhia dos caçadores que vasculharam cada canto da floresta. O plano de Denneval era forçar a fera para cada vez mais perto de Gevaudan a fim de fazer o abate.

Em meados de maio, o plano do Guarda Caças teve êxito, mas não da maneira que ele esperava. A fera foi atraída para a cidade, durante as comemorações da Feira da Primavera. Durante seu ousado ataque, a besta matou várias pessoas incluindo uma jovem de nome Marguerite, que estava enamorada de Jacques Denis. Furiosos, aldeões se armaram com ferramentas, paus, pedras e qualquer coisa que pudessem usar como arma para matar o monstro. Jacques e um grupo penetrou na floresta seguindo o rastro do lobo, mas acabou caindo em uma armadilha. Os homens acabaram morrendo e se não fosse a chegada providencial de Denneval e seus homens, Jacques também teria sido morto pela fera. Apesar de sobreviver, diz a lenda que os cabelos do rapaz ficaram totalmente rancos e que ele pareceu envelhecer décadas com a experiência. Pouco depois desse ataque, que teria deixado mais de doze mortos, Denneval desistiu da perseguição.

"Não há o que fazer" teria escrito ao Rei se desculpando. Ele continuou: "A fera nos iludiu a entrar na floresta a fim de atacar impunemente o vilarejo. Claramente estamos diante de algo que desafia a razão e que age impelida pelo desejo de matar. Temo que nossa presença aqui apenas a torna mais selvagem e vingativa".



Perturbados pela desistência do Guarda Caça, a maioria dos caçadores também partiram. Livre para agir impunemente, a fera prosseguiu impiedosa. Ele matou um rapaz de quatorze anos e uma mulher que carregava um recém nascido. Furioso com a carta do Guarda Caça, o Rei ordenou que Denneval fosse trazido à sua presença, mas ele escapou para outro país desaparecendo da história. Um dos conselheiros de Luis XV indicou um homem para assumir o lugar do Guarda Caça, seu nome era Antoine de Beauterne, um renomado taxidermista parisiense que havia caçado todo tipo de presa na Europa e na África.

Beauterne chegou sem estardalhaço e fez aparentemente pouco no início. Explorou a floresta, desenhou mapas e assinalou neles onde a besta havia sido vista. Em uma de suas expedições encontrou com o nativo de Manitoba que ficou para traz após a desistência de Denneval. O homem, que passou a ser chamado de Mani, ofereceu suas habilidades como rastreador.

Em 21 de setembro, Beauterne organizou um grupo de caça formado por quarenta caçadores locais especialmente escolhidos para a tarefa, e uma dúzia dos melhores cães farejadores. Unindo o seu conhecimento do terreno aos valiosos conselhos de Mani, os homens se concentraram em uma área rochosa isolada, repleta de ravinas próxima ao vilarejo de Pommier. Parecia lógico para o taxidermista que o lobo usasse esse lugar, cheio de cavernas como covil por ele proporcionar um bom esconderijo e dispor de água potável. O plano era levar a caçada até um lugar em que a fera se sentisse segura, e onde ela não esperava ser confrontada.

Logo que chegaram ao local os cães captaram um cheiro e começaram a latir como loucos. Não demorou para a besta emergir de uma caverna para investigar. Um dos homens deu alerta e Beauterne disparou seu mosquete acertando em cheio o dorso da fera. Ela ainda saltou derrubando um dos homens, mas imediatamente os outros abriram fogo crivando o lobo com tiros certeiros. Um deles teria arrancado seu olho esquerdo e se alojado no crânio. A criatura ganiu e caiu morta, mas enquanto os homens comemoravam, ela de repente se ergueu e investiu novamente com uma ferocidade sobrenatural. Uma segunda saraivada de balas foi disparada e finalmente a fera acabou tomando. O golpe final foi desferido por Mani. Armado com uma afiada machadinha o nativo saltou sobre a fera, sua arma descreveu um giro no ar e caiu pesadamente despedaçando o crânio da besta. Aproximando-se cautelosamente os homens se colocaram a golpear a carcaça com baionetas e lanças compridas até reduzi-lo a uma coisa grotesca e sanguinolenta.

Os caçadores amarraram o que havia restado da fera em um estrado e o arrastaram até Pommier. Beauterne examinou cuidadosamente os restos da fera e concluiu que se tratava de um magnífico lobo medindo um pouco mais do que 1,80 m e pesando algo em torno de 90 quilos, com uma boca cheia de presas com mais de uma polegada de comprimento. Beauterne tentou preservar a criatura a fim de levá-la até o Rei, mas apesar de seus esforços, a carcaça havia recebido muitos danos durante a caçada. Tudo o que ele conseguiu salvar foram as orelhas, os dentes e o rabo, todo o resto foi queimado e enterrado nos arredores do vilarejo.



Por mais de um ano, as coisas ficaram tranquilas em Gevaudan e a vida foi voltando ao normal. Então, na primavera de 1767 as mortes reiniciaram. Duas crianças haviam desaparecido e o corpo de uma mulher sem a cabeça foi achado em um descampado. Beauterne foi chamado para retornar a Gevaudan, mas ele afirmou que aquelas mortes não eram o trabalho de um lobo, e sim de um maníaco.

Em 19 de junho do mesmo ano, um nobre local, o Marques d'Apcher organizou a maior beate já vista para encontrar o rastro do animal. Mais de trezentos homens a pé e montados vasculharam cada centímetro do bosque. Nada foi encontrado.
 
Na época, um homem misterioso chamado Jean Chastel passava pela região. Ele era um conhecido de Jacques Denis e se ofereceu para exterminar a fera. Ao contrário dos outros ele não era um caçador experiente, mas um especialista em folclore e superstições. Chastel afirmava que o responsável pela nova onda de mortes não era um simples lobo, mas uma besta sanguinária aprisionada no corpo de um homem. A luz fazia com que a fera no interior do culpado viesse à tona com um incontrolável desejo de matar. O espírito do lobo de Gevaudan havia contaminado esse homem o transformando em um assassino. Ele era um loup-garou.

O especialista conseguiu convencer as pessoas de Gevaudan a doar objetos de prata e quando tinha o suficiente mandou derreter tudo a fim de produzir projéteis que foram abençoadas pelo pároco local. O plano de Chastel era atrair o lobisomen para os limites do bosque. Ele preparou o lugar cuidadosamente e acompanhado de Denis recitou uma série de orações. Na alta madrugada, os dois perceberam movimento na mata e ficaram alerta. De repente uma besta em forma de lobo irrompeu da floresta e avançou na direção dos dois. Chastel disparou com suas pistolas e os projéteis de prata pura vararam o corpo da besta que caiu fulminada.



Assim como a fera morta por Antoine de Beauterne essa criatura era um enorme lobo, consideravelmente maior do que os outros que habitavam a floresta. O monstro foi estripado e dentro dele encontrou-se os restos de uma criança que havia desaparecido na véspera. A besta foi embalsamada e levada de cidade em cidade para que as pessoas pudessem vê-la, em troca de uma pequena contribuição, é claro. Infelizmente para a ciência moderna, os métodos de preservação da época não eram bons o bastante e o que restou da fera acabou chegando até Paris em um estado deplorável. O fedor incomodou o Rei de tal forma que ele ordenou que os restos fossem levados de sua presença imediatamente. Há informações contraditórias a respeito do que aconteceu com a Besta então. Para alguns ela foi queimada e suas cinzas espalhadas ao vento, apesar dos protestos de Chastel. Outros dizem que a carcaça chegou a ser levada até o genial taxidermista Beauterne que restaurou a fera e a vendeu para um nobre colecionador.

Seja como for, os restos da lendária Besta de Gevaudan jamais foram recuperados, causando mais de dois séculos de controvérsia a respeito de sua real identidade. Em 1960, após estudar a transcrição de Antoine de Beauterne a respeito do processo de dissecção da fera por ele abatida, uma comissão de zoólogos concluiu que o animal descrito era realmente um lobo. Franz Jullien, taxidermista do Museu Nacional de História Natural de Paris, encontrou amostras dos dentes da Besta de Gevaudan guardadas no arquivo do Museu e as submeteu a testes, concluindo que se tratavam realmente de presas de um lobo de grande porte. Em 1979, restos de um animal empalhado foram encontrados guardados no depósito do museu em uma caixa. Segundo boatos, seriam os restos do espécime que Jean Chastel abateu com suas balas de prata. O animal foi aparentemente identificado como uma hiena nativa do Norte da África, Oriente Médio, Paquistão e Oeste da India.

Seria a Besta de Gevaudan uma enorme hiena e não um lobo? A ideia foi contemplada entre outros pelo novelista Henri Pourrat e pelo naturalista Gerard Menatorv que propuseram a hipótese de uma hiena ter sido trazida por negociantes de naimais e uma vez recusada em um zoológico, libertada na floresta. Há ainda outra hipótese que coloca em xeque a credibilidade de Jean Chastel. Segundo rumores, o pai de Chastel possuía uma hiena em sua menageria (um termo do século XVII usadopara coleções de animais mantidos em cativeiro). Alguns pesquisadores acreditam na possibiliadde de Jean Chastel ter inventado a estória a respeito do loup-garou e usado a hiena que pertencia a menagerie de seu pai para se auto-promover.

Isso levanta a questão a respeito de quem seria então o responsável pelas mortes após Beauterne ter eliminado o grande lobo. Para alguns, Chastel ou alguém muito próximo a ele teria deliberadamente assassinato inocentes para criar a impressão de que a Besta ainda vagava por Gevaudan fazendo vítimas. Para muitos, o misterioso Chastel era um homem de moral dúbia, ganancioso e ávido por riquezas. Uma das razões pelas quais o Rei Luis XV se negou a recebê-lo foi justamente por ele ter tentado vender ao monarca, por um preço exorbitante, os restos da fera abatida. Chastel morreu em relativa obscuridade, mas não é totalmente surpreendente que alguns afirmem que ele teria se tornado um algoz da nobreza e que desempenhou o papel de perseguir nobres após a Revolução.

É claro, tudo isso é mera especulação uma vez que não há como determinar historicamente se houve mais de uma Besta de Gevaudan. O que se sabe é que o sentimento de terror que tomou conta da região entre 1764 e 1767 foi muito bem documentado na época. A população de lobos também foi drasticamente reduzida chegando praticamente a extinção por conta das caçadas empreendidas naqueles três anos.

O que levou um lobo a emergir das floresta para matar indiscriminadamente os habitantes de uma pequena província na França continua sendo um mistério. Mas um marco de pedra foi construído no local, lembrando a todos daqueles dias de medo.



Em 2009, o History channel exibiu um programa chamado " The Real Wolfman", onde o caso de Gévaudan foi investigado cuidadosamente.
No programa, foi mostrado que provavelmente a fera que causou os ataques era algum animal domesticado que estava sobre ordens de um homem. Um lobo é impossível de se domesticar, ainda mais naquela época e um cachorro não teria foça o suficiente na mordida para quebrar ossos do jeito que a fera quebrou.
Por fim, chegaram a conclusão de que o animal domesticado teria sido uma ou mais Hiena(s).

Descrições da besta:

Segundo as descrições, sua pele tinha um tom avermelhado, e foi dito emitir um odor insuportável. Eles matavam suas vítimas rasgando suas gargantas com os dentes. O número de vítimas varia de acordo com fonte. De Beaufort (1987)1 estimou 210 ataques, resultando em 113 mortes e 49 feridos, 98 das vítimas mortas foram parcialmente comidos.

E você leitor o que acha que esta fera foi!? Deixe seu comentário a respeito desta história. Até a próxima!

A besta de Gevaudan

F 3 H 4 R 4 A 3 PdF 0

Vantagens: sentidos especiais (faro aguçado, audição aguçada, infravisão), aceleração, ataque especial (f), monstruoso, modelo especial, inculto
Kit predador primal: armadura extra, sangue bestial

quinta-feira, 4 de maio de 2017

O Mestre da Masmorra

Apresentando a Fantasia Gótica

A alta fantasia e fantasia medieval é sem duvidas o gênero mais querido dos jogadores para RPG, grande influencia esse gênero recebe de obras conceituadas como O Senhor dos Anéis, as obras de espada e magia como Conan o Bárbaro que moldam e remoldam as preferencias dos leitores e rpgistas sendo também influenciadas por eles, na década de noventa um estilo estava em alta com rpgs como Arkanun que era a fantasia gótica, termo bastante utilizado em vários gêneros de cenário em especial os "punks".

Um estilo que sempre me fazia pensar, punk é um estilo chamativo, berrante e porque não? bonito. O estilo gótico é quase contrario, sombrio, austero, se impondo pela grandeza e não pela aparência, enquanto o estilo punk chama a atenção por cores, vestimentas e visuais o estilo gótico rouba essa atenção por intimidação e grandiosidade.

Cenários como vampiro a mascara conseguiram casar muito bem esses dois estilos, hora destoando um ou outro, hora mostrando uma bela união dos mesmos, tão orgânico e bem feito foi a junção desses estilos tão conflitantes que hoje em dia o "punk gótico" quase sufoca qualquer tentativa de criar um cenário com esses estilos separados, uma boa tentativa de separar o punk de outro estilo que fusionou tão bem com ele que hoje é quase que indissociável é o cenário dos reinos de ferro, com sua fantasia forjada em metal, tão próximo mais tão diferente do steampunk que muitos não veem a diferença.

O Que é Fantasia Gótica?

Um cenário de fantasia gótica é terrível e ao mesmo tempo sedutor, ele é fechado e misterioso para os que olham por fora, grandioso e intimidador para os que o conhecem, aventuras em cenários desse estilo devem refletir o clima exótico e exclusivo que os mesmos possuem. Tanto os jogadores quanto os mestres devem entender e saborear o medo e o terror palpáveis que caracterizam um jogo ambientado em um cenário de fantasia gótica.

"Não precisa ser estranho pra ser assustador"


Castelos gigantescos, pântanos devastados, estradas esquecidas, lobos uivando, sinais de mau-agouro, coisas que assombram a noite e matam de formas horríveis estão a solta fora e dentro das cidades, fora e dentro das casas.

Mesmo criaturas que parecem familiares à primeira vista tornam-se um pouco mais sinistras e letais dentro do contexto da fantasia gótica.

Contudo o mestre e os jogadores devem entender que o medo e horror são mais do que sangue e carnificina. O arrepio que desce pela sua espinha quando passos vindos do lado de fora do quarto o acordam e você sabe que está sozinho o repentino soar de um trovão sacudindo todos os seus ossos enquanto atravessava um campo deserto e a sensação torturante de que "algo" está vigiando cada um de seus movimentos, esses são elementos que provocam medo genuíno nos personagens dos jogadores. Exemplos do clima de cenários góticos.

Como Tratar os Monstros

Mesmo criaturas comuns podem se tornar seres estranhos e apavorantes, embora muitas criaturas "normais" habitem qualquer cenário de fantasia não é raro que a magia e atmosfera do mundo alterem suas características de maneira a combinar melhor com o sabor do cenário, no caso dos góticos mesmo animais normais podem se tornar ameaças sobrenaturais e ate mesmo para aventureiros. A degeneração da natureza é um tema que lobisomem o apocalipse abordou de forma espetacular sendo também uma grande fonte de inspiração para tratar animais comuns como inimigos, com um pouco de imaginação os cães, gatos, morcegos e cavalos não podem ser considerados inofensivos.

"Ações também criam monstros"


Ignorar regras mais clássicas embora não tão importante e modifica-las também é uma ótima forma de se chegar ao resultado desejado de passar a atmosfera maligna de um cenário, construtos são vistos de forma muito comum em cenários de fantasia tradicional, contudo eles são em suma a manifestação do desejo dos magos de brincar de deus e criar criaturas vivas a partir de matéria inorgânica. Em mundos com atmosfera sombria ao invés de serem reanimados através de um processo tedioso e caro, muitos construtos podem receber uma parodia de vida apenas graças à força de vontade e aos desejos sombrios de seus criadores ou pela vontade de poderes sombrios do mundo, falando em poderes sombrios do mundo.

Seres mágicos no geram transmitem a natureza da magia do mundo, fadas são o melhor exemplo para se usar como criaturas distorcidas quando nascidas em cenários de fantasia gótica, inspiração para isso pode vir dos contos de fadas originais sendo que o importante de um encontro com fadas em mundos distorcidos é que  o "povo belo" causa terror duradouro na vida das pessoas por sua distancia dos mesmos, usualmente fadas veem pessoas como pessoas veem ratinhos bonitos, mais que se por acaso se mostrarem um incomodo não vão exitar em mata-los.

"Já ouviu gritos na velha casa da sua rua? sabe então como é quando eles ocorrem de madrugada"


O maior terror oculto contudo talvez seja o terror que se esconde a vista, cenários góticos costumam mudar homens de coração perverso para algo mais (ou menos) que humano, criaturas que caminham sobre duas pernas e que compartilham muitas características físicas com humanos ou semi humanos geralmente são vistas por jogadores como seres próximos em inteligencia e índole. Não cometa o erro de supor que essas semelhanças levam a tal compatibilidade, criaturas semelhantes a humanos tiram vantagem de sua aparência para cometerem crimes e causar morte sem serem notados, como Gollum de senhor dos anéis, um monstro desprezível que chegava a comer infantes, mais por sua aparência e modo de apresentar-se as pessoas costumam vê-lo como alguém inocente, decididamente tais criaturas, não são humanos, o choque inerente da descoberta de um predador oculto ou de um lobo em forma humana é um elemento do terror que mestres podem usar para enfatizar a maldade do cenário.

Abolir o "Punk"?

Não pretendo com isso discutir qual é a melhor abordagem a se fazer em cenários, eu mesmo não gosto tanto do horror pessoal e visceral dos títulos da editora white wolf tanto assim, contudo cá estou eu os recomendando, com o texto aponto apenas uma possibilidade de abordagem, uma diversificação de temas comumente tidos como indissociáveis e deixo a perspectiva de verem como um desses temas funcionaria em separado.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Era dos Dragões

Elementais Assombrados

A magia de Morgul que separou o mundo dos demais planos fez com que quem estivesse de fora não conseguisse voltar facilmente, contudo outro efeito ocorreu, prendendo quem estava dentro do mundo, tal coisa ocorreu com a poderosa Tiamat, quais as chances de ter afetado outros seres menores?

Elementais são seres criados pela magia dos planos elementais, muitos desses em seus planos não possuem algo que possamos chamar de corpo, são consciências formadas por magia natural de cada plano, muitos elementais estavam em serviço quando a magia foi lançada, alimentando golens dos anões, servindo a misticos dos humanos ou terminando seus contratos, as razões não importam, a separação do mundo foi traumática e terrível para estes seres que rapidamente entenderam que não possuíam mais um lugar para voltar, a maior parte deles reagiu com violência precisando ser parado, mais quando finalmente destruídos foram lançados ao mundo onde não compreendiam a interação entre os elementos, desprezando todas as criaturas e juntando-se a formas corrompidas de suas naturezas eles vagam por locais estranhos ou assombram estradas e florestas, alguns poucos inertes, mais nenhum deles inofensivo.

Elemental da Nevoa

O elemental da nevoa é composto por magia bruta das brumas magicas do mundo, surgem como nuvens frias errantes que parecem inofensivas, permitindo-o esconder-se em regiões nebulosas como se estivesse invisível, tal corrupção dos elementais do ar , contudo, são rápidos e ágeis.

Implacáveis na perseguição de seus inimigos e sádicos em divertir-se com a morte de pessoas, as levando para terrenos perigosos ou as lançando de alturas abissais, alguns conseguem invadir os pulmões de seres viventes e afoga-los ou para os mais velhos controlar aqueles que falharem em um teste de Resistência normal, aproveitando tais chances para destruir a vida das vitimas de alguma forma.

Elemental da Pira

Historias sinistras de bruxas que apos queimadas retornam como ossos envoltos em chamas anunciaram as primeiras aparições dessa criatura terrível, elementais da Pira surgem como uma coluna delgada de chamas de intensidade incrível, tentáculos de chamas estalam quando a criatura se movimenta e não raras as vezes é possível ver ossos carbonizados no centro do fogo se movendo como se estivessem dançando para os demônios.

"preparados pra ter uma morte de arrepiar?"


Tais corrupções dos elementais do fogo são formados por chamas de piras, nem só de fogueiras de bruxas como de piras funerárias, em especial se o morto tiver sido especialmente maligno.

O elemental da pira se delicia consumindo materiais por onde passa, deixando um odor de carne queimada em seu rastro, vitimas atingidas por seu toque sofrem os mesmos efeitos da vantagem toque de energia contudo o elemental não precisa gastar pms para ativar tal poder, atingir um elemental da pira com armas naturais ou desarmado causa o mesmo efeito.

As historias sobre magos voltando da morte para se vingar, começaram contudo com uma das mais terríveis habilidades da criatura, unidos a magia negra que recobre o mundo o elemental da pira consegue tocar o cadáver de qualquer criatura corpórea a seu alcance usando uma ação de movimento, reanimando-o como um zumbi ou esqueleto. O morto vivo queima em chamas e corre por todos os lados descontrolado, atacando criaturas e começando incêndios aleatoriamente. Quaisquer objetos ou criaturas atingidas pelos ataques do morto vivo sofrem dano equivalente como se tivessem sido atingidas por uma bola de fogo (com dano equivalente ao gasto de pms que o elemental usou para criar o monstro) o próprio morto vivo sofre 1 de dano por turno ate ser consumido por completo.

Elemental do Sangue

O elemental do sangue pode se formar tanto de um campo de batalha quanto de corpos dos afogados, tal corrupção do elemento agua surge como uma bolha escarlate amorfa, continuamente pulsando, estendendo e retraindo tentáculos delgados em todas as direções enquanto se arrasta de maneira estranha formando um rastro de sangue tortuoso que ao secar forma padrões misteriosos, quase artísticos.

Apesar de serem variações do elemental da água tais monstros não podem cruzar grandes extensões de água sofrendo dano pela diluição de sangue, entrar em uma concentração grande de água causa 1d6 de dano no elemental por turno ate ele sair.

Tal criatura é metódico, mais cauteloso que todos os outros elementais assombrados devido a sua vulnerabilidade e facilidade de rastreio, valorizando muito mais massacres de onde ele retira mais material para seu corpo, para cada cinco vitimas que o elemental de sangue secar, ele aumentará 1 ponto em poder.

Tais criaturas possuem formas terríveis de matar, um elemental do sangue que atinja um oponente com um ataque de seus tentáculos pode tentar drenar-lhe o sangue, tal efeito é possível apenas se o elemental conseguir tocar na vitima e funciona exatamente como a magia dreno de vida mais o monstro não precisa gastar seus pms para isso. Ainda capaz de mais truques o elemental do sangue pode tentar exterminar qualquer adversário menor que ele próprio o engolfando-o para tentar afoga-lo, a manobra funciona igual a um ataque de paralisia mais a vitima sofre efeitos da magia afogamento, o elemental não precisa gastar pms para usar tal manobra, vitimas precisam passar em testes de F para se livrar do corpo elemental que as prende.

Elemental da Sepultura

Corrupção do elemental da terra proveniente de solos de cemitérios, possuindo uma figura vagamente humanoide, expondo partes de cadáveres humanos, lapides, caixões despedaçados ou estatuas de cemitério destruídas que se projetam de seu corpo.

"Bem vindo ao cemitério"


Direto e brutal no combate, investindo como um grande ariete em seus inimigos reduzindo-os a poeira, os elementais da sepultura são espíritos furiosos mais astutos, muitas vezes o mais difícil de todos os elementais de ser identificado e pego em seu elemento antes de realmente se mostrar pois mesmo incapazes de atravessar água tais criaturas se movem rapidamente e sem nenhuma restrição entre terra e rocha como se fizessem parte dele, se escondem no solo , entre sepulturas, dentro das rochas, em qualquer lugar, as historias sobre essas criaturas são assustadoras pois sua presença é talvez a mais fácil de associar a assombrações assim como seus poderes.

Elementais da sepultura podem convocar uma massa de braços semi compostos de raízes, terra e/ou ossos, que brotam do chão e lutam contra seus inimigos a ate 18 metros deles próprios, tais criaturas funcionam como criaturas magicas maiores e o elemental é capaz de invocar sem gastar pms ate um máximo de braços iguais a sua R e mante-los por turnos equivalentes ao mesmo atributo.



Obs: tais variantes devem ser aplicadas as regras de elementais vistas no manual básico. Sendo elementais seres com características entre 0 e 5 com as vantagens de corpo elemental, em nível máximo, sempre ativas.