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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Masmorra Bagunçada

 Embora eu esteja bem por fora das redes sociais, as tretas de twitter me cansam absurdamente ainda mais hoje em dia pois o mundo esta tão repleto de problemas, tempos sombrios onde algumas pessoas que víamos nas ruas não veremos mais, muitas mortes ocorreram e ainda estamos recuperando o folego deixado pelo mergulho na crise do covid e o mundo nos empurra de volta pro mar com mais uma possível pandemia de varíola. 


Os problemas do mundo contudo, devem ser muito poucos pois a Disney, excelentíssima empresa bilionária com cada vez menos criatividade, anunciou um remake desnecessário da Pequena Sereia, contudo o filme pega trouxa e suga dinheiro não é o problema, o problema real é que a Ariel será interpretada por uma negra, Halle Bailey, não é? porque afinal isso é o que importa.


Aos que não detectaram sarcasmo acima, afinal é difícil de fato detectar sarcasmo num texto, a minha primeira reação ao ver o trailer de A Pequena Sereia foi "Nossa essa Ariel tem a maior cara de peixe" o que me deixa em duvida se a escolha foi acertada ou não. A pouca expressividade se da pelo fato da atriz ser na verdade uma cantora, de certa forma apos saber da treta fiquei feliz comigo mesmo por ter reparado primeiro na cara de paisagem da garota, mais ou menos o mesmo sentimento de "Nossa a namorada da Ellie é feia pra dedeu" que eu tive enquanto o mundo pegava fogo com "AAHHH A ELLIE É LESBICA" pintado aqui meu quadro de rabugento, vamos continuar.


O incomodo por uma ruiva ser substituída por uma atriz negra e você conservador que briga porque a Ariel é negra e você ativista da representatividade que briga porque tinha sim que mudar, por favor senhores, essa briga é calculada e a Disney lucra com marketing do ódio, isso é tão absurdamente claro que me cansou dar opiniões sobre tais percalços, em suma, o capitalismo agora ganha com o ativismo e isso me deixa desanimado, se alguém ainda acha que "quem lacra não lucra" pense de novo, pois representatividade é a palavra de ordem dessa geração do entretenimento e quem se incomoda so é um dinossauro que nem é mais publico alvo do filme.


O papel da nostalgia nesses filmes se da apenas para garantir que os pais que assistiram esses filmes quando crianças, naturalmente vão ter um certo interesse e então você leva seus filhos e paga mais dinheiro ainda para assistir, mais isso esta se perdendo em uma fuga da população de volta pro passado, o tanto de nostalgia, se fosse quantificada, talvez pudesse gerar energia o suficiente para de fato voltarmos para o passado e essas pessoas pararem de se sentir tão inúteis, sentimento que eu compartilho, afinal, covid, varíola, crise econômica, é bem mais fácil querer voltar para o boom das comodities.


Convenhamos aqui, quando lidamos com historias com um viés historiográfico, trocar a etnia do personagem pode gerar mentiras de fato e isso torna-se complicado, um filme onde Getúlio Vargas é um homem negro pode gerar confusões, talvez uma nota baixa pra uma criança mais preguiçosa, quem sabe, claro tem a questão de imersão que muitas vezes se perde mais note que historias onde os personagens são apenas os personagens não faz diferença sua cor, super homem não é sua cor ele é um símbolo e se o super homem fosse negro ele ainda seria o super homem.


Nos acostumamos contudo, a vermos pessoas brancas ocupando o papel de pessoas negras, embora egípcios não sejam tão escuros quanto africanos mais do interior do continente, invariavelmente eles são negros, frequentemente interpretados por atores brancos, as vezes ate loiros, hoje acho estranho que isso nunca gerou tanto furor, claro, era a ideologia, por mais que alguns digam que não existia isso antigamente, só ideologia explica esse não estranhar algo que é estranho, isso e claro, ignorância. Hoje apenas estamos vendo o contrario e esse contrario muitas vezes, na maioria das vezes, não é tão brutal quanto imaginamos e ate mesmo passa sem que ninguém reclame, Adão negro não tinha nas HQs a cor do ator atual e nick fury não era negro mais ninguém reclama.


Falemos um pouco sobre racismo estrutural também, sou de uma época onde não se viam pessoas negras em contextos simples, em comerciais era muito raro, onde não se via pessoas negras em posições heroicas e a primeira vez que isso começou a acontecer me gerou um estranhamento, hoje eu não tenho certeza se meus primeiros incômodos de ver alguns personagens que muito gosto terem trocado de etnia é um racismo estrutural ou um protecionismo, afinal eu tive uma infância onde não me aproximei muito de outras crianças, conto nos dedos de uma mão os amigos que tive em escolas, mas meus amigos imaginários, personagens de quadrinhos, desenhos e filmes, esses por muitas noites me bastaram, ver esses amigos tão queridos, serem mudados por demanda social ou para adequação muitas vezes me deu um sentimento incomodo "estão mudando esse meu amigo por um motivo comercial, estão usando ele" tais pensamentos contudo eu vejo hoje um componente da nostalgia que me desagrada, uma rejeição a avanços em áreas que antes eram violentas contra minorias, mais uma razão para eu não querer mais brigar por causa de trocas de pele, de ideias burras, porque talvez eu fosse racista e não quero voltar a ser o racista que eu era.

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