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domingo, 6 de setembro de 2020

Trevas na Terra de Santa Cruz

 Medo


Guerreiros não vão a guerra para ficar olhando, isso eu já sabia quando aceitei guiar os tártaros para a fronteira, sabia que eles não ficariam apenas olhando e sabia também que eu seria forçado a agir, não imaginava que seria tão cedo contudo, rapidamente seguimos ao sul, caravanas, barcos, usamos tudo que poderíamos para agilizar nossa chegada a fronteira, mais ela havia avançado , argentina agora sei, pega fogo invadida pelo Paraguai, o Paraná se tornou fronteira  de batalha e o próprio imperador esta batalhando contra essa força invasora que possui poder muito maior do que eu esperei ver , do que eu sequer achava ser possível existir, enquanto escrevo esse texto num acampamento militar do império, minha mão ainda treme, minha prosa pode ficar comprometida pela minha situação atual, contudo toda via posso não ter chance de voltar a escrever o que decorreu.

 

Era de noite quando chegávamos a uma vila , já havíamos entrado no Paraná e sabíamos que o local estava mandando suprimentos para a linha de frente imperial, usaríamos a rota para chegar rapidamente na batalha e como meus amigos tártaros falavam, ver como a guerra moderna se parece, o ataque veio covarde e desigual, da mata os homens do Paraguai atacaram a vila cheia de civis e com pouquíssimos defensores, armas automáticas e gigantes de ferro estavam a sua frente e nos pegos no fogo cruzado, um casebre que tínhamos conseguido para passar a noite veio abaixo com poucos tiros dos gigantes e pegamos em armas, o primeiro homem que matei hoje era pouco mais que um pirralho que veio verificar se havia sobreviventes naquele celeiro derrubado.

 

O sangue correu farto aquele inicio de batalha, os paraguaios esperavam um massacre e não retaliação, quando as flechas dos tártaros voaram invisíveis na escuridão da noite atingindo a linha de frente e ate mesmo um gigante foi abatido com seu piloto morto através de uma flechada no visor, o pânico nublou a mente deles e a raiva a minha, pistola de pederneira e facão eram minhas armas mais persegui os invasores, as balas zuniam e um gigante quase me acertou um tiro, atingindo um dos tártaros que estava perto de mim, 3 dos 10 que eu acompanhava morreram essa noite, no meio da perseguição pela mata , enquanto derrubava mais um dos soldados inimigos um gigante de metal quebrou uma arvore próxima de mim e me agarrou pelo tronco me erguendo, senti muita dor quando ele apertou minhas costelas, consegui talvez por sorte atingir o visor aberto do gigante mais não matei seu piloto, a bala ricocheteou ate atingir alguma parte menos vital do piloto que urrou de dor e por alguma razão a escotilha do gigante abriu, talvez danificada pelo tiro? Devo realmente agradecer minha sorte.

 

Em pânico o piloto fugiu de mim que uma vez solto, urrava de dor e tentei correr atrás dele mais fui derrubado com um tiro no peito, a bala do revolver parou nos ossos de minhas costelas, mais fortes que o usual graças a minha herança indígena, mas a dor me derrubou, ferimentos já tinham se acumulado e minha idade pesou naquele momento contudo minha raiva me fez me arrastar atrás dele em passos lerdos, a pequena orla de mata foi superada por mim e minha presa enquanto ele fugia em direção a um regimento dos paraguaios que se assentou ali com suas armas prontos para o combate que viria pela manha, paralisei ao ver o monstro a minha frente mesmo a tanta distancia, resgatado por soldados do império e levado quase que arrastado a esse posto militar só agora depois de 2 horas estou me recuperando do que vi, será que é isso que chamam de horror existencial? O que tenho a dizer é que se aquela maquina de guerra e Anhangá cruzassem , Anhagá seria ferido.




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