um texto que em minha concepção, ajuda mestres a narrar e se acostumar com essa forma de terror, que esta ate mesmo presente em tormenta, na figura da propria tempestade, bom, boa leitura
Horror
Cósmico
Dentro do Gênero Horror existem divisões que demarcam as
fronteiras entre os temas.
Um cenário que, por exemplo, envolve vampiros aprendendo a
enfrentar a dura realidade de sua condição se difere de uma ambientação que
versa sobre humanos caçando monstros e fantasmas, embora as duas possam ser
encaradas como Horror. Uma estória de horror gótico se passando em uma terra
obscura assolada por superstições e medos, se difere de outra em que se tem
acesso a tecnologia e onde se utiliza essa vantagem para tentar compreender
mistérios paranormais.
As ambientações tipicamente lovecraftianas fazem parte de um
subgênero que costuma ser categorizado como Horror Cósmico.
Nos Cenários de Horror Cósmico as coisas são especialmente
dramáticas e aterrorizantes para os personagens. O medo que permeia esse
subgênero é muito maior, muito mais primitivo que aquele representado por um
fantasma, uma múmia ou mesmo uma horda de vampiros sedentos de sangue. É um
medo do desconhecido, do inimaginável, do imponderável...
O Horror das criaturas do Mythos é totalmente inumano tendo como
expoente maximo os grandes antigos. Por mais bestial que seja um lobisomem ele
ainda guarda similaridades com o seu lado humano, já em cenários
lovecraftianos, as coisas que habitam a escuridão - e que são o grande inimigo
- não são e nem nunca foram humanas. Eles são verdadeiros titãs de maldade
insondável. O mero vislumbre dessas entidades é o bastante para causar histeria
e loucura.
Em cenários de Horror Cósmico sempre há uma ameaça oculta
espreitando e as conseqüências do despertar desse mal serão catastróficas. Essa
força maligna espalha seus tentáculos pelo mundo pervertendo tudo que toca. Não
é uma questão de poder destruir esse mal, mas de atrasá-lo, contê-lo...
O cenário envolve conhecer a dimensão da ameaça e tentar de todas
as maneiras detê-la pelo tempo que for possível, pois esse mal jamais será
extinto. No panorama niilista de Chamado de Cthulhu, não é questão de
"SE", mas de "QUANDO" virá o fim.
Os Grandes Antigos são seres incrivelmente poderosos, mas estão um
degrau abaixo dos Deuses Exteriores na Hierarquia dos Mythos.
Eles são seres muito antigos para os padrões terrestres, muitos
antecederam aos primeiros homens, alguns são até mais antigos que a formação de
nosso próprio planeta e sistema. Grandes Antigos dominam tecnologia,
conhecimentos esotéricos, magias ou mesmo a combinação de todos esses
elementos. O poder de alguns faz com que sejam vistos como Deuses,
manifestações vivas de poder...
Mas eles possuem algumas limitações.
Os Grandes Antigos não são forças primais do cosmos, mas criaturas
sujeitas às leis da natureza. Ao contrário dos Deuses Exteriores eles não podem
alterar os ditames cósmicos da realidade ao seu bel-prazer. Para eles o tempo,
o espaço, o caos, a criação e a entropia são conceitos imutáveis aos quais eles
precisam se adequar.
Se por um lado eles são condicionados por estas regras, por outro
eles possuem a prerrogativa de possuir uma consciência - por mais alienígena e
estranha que ela possa ser. Isso significa que estes seres possuem objetivos,
agendas e planos.
Eles não são meros espectadores no cosmos, como ocorre com os
titânicos Outer Gods. Eles interagem entre si buscando estabelecer bases de
poder, coerção e conquista. Embora seus planos nem sempre sejam perceptíveis,
os Grandes Antigos desempenham o papel de jogadores no tabuleiro do universo.
A aparência física dos Grandes Antigos varia incrivelmente, mas
eles parecem compartilhar de algumas características comuns tais como
telepatia, tamanho colossal e capacidade de existir perpetuamente.
A origem de tais seres é desconhecida e tratada como um dos
grandes mistérios da criação. Qual a força que poderia ter dado origem a esses
titãs e qual o berço que os gerou na existência?
Há milhões de anos, os Grandes Antigos surgiram em nossa
realidade. Possivelmente alguns nasceram aqui, enquanto outros tantos vieram de
algum plano superior ou realidade paralela rasgando o tecido dimensional. Um
número considerável deles se estabeleceu em nosso sistema solar, um número
alarmante na Terra. Alguns teóricos imaginam qual a razão disso ter acontecido,
porque esses seres de enorme poder teriam escolhido justo nosso planeta para
fixar residência?
A resposta passa por uma constatação desagradável: talvez esse não
seja "nosso" planeta. É possível que "nós" sejamos os
invasores no planeta Deles. Como parasitas que se fixaram no corpo de um animal
em hibernação, indesejáveis, mais cedo ou mais tarde, seremos removidos.
Há poucos documentos que se referem chegada dos Grandes Antigos. E
o conhecimento a respeito é apócrifo, para dizer o mínimo. Algumas tradições místicas
detém textos com esse saber, mas até que ponto eles podem ser levados em
consideração, depende da credulidade do leitor. Alguns destes textos teriam
sido ditados pelos próprios Grandes Antigos em sonhos, mas novamente não há
como saber ao certo.
Documentos ancestrais escritos de forma críptica afirmam que os
Grandes Antigos vieram das estrelas e há razão para acreditar que ao menos isso
seja verdade. A primeira morada de alguns deles foram estrelas distantes,
quando elas ocupavam posições bem diferentes. Por algum motivo esses seres
empreenderam uma espécie de êxodo espalhando-se pelo cosmos. Uma fuga? Uma
expansão? Nunca saberemos ao certo.
Foi nessa época que o Grande Cthulhu, apontado como o mais
poderoso dos Antigos se fixou em algum lugar da vastidão marítima que seria um
dia chamado de Pacífico. Lá Cthulhu ordenou a construção de uma gigantesca
cidade de pedra que serviria de capital para suas conquistas futuras. Foi nesse
tempo que Tsathogua se estabeleceu no planeta Saturno, que Hastur tomou posse
de Aldebaran, que Glaaki mergulhou nas profundezas de um lago no coração das
Ilhas Britânicas e tantos outros reinvindicaram domínio sobre alguma área ou
território.
Por milênios os Grandes Antigos estiveram plenamente ativos. Eles
guerrearam entre si, exploraram os confins do universo, encontraram
civilizações, construíram cidades majestosas, foram venerados, conquistaram e
destruíram planetas. Alguns deles fundaram impérios e tiveram crias tão
abomináveis quanto eles mesmos.
Mas então houve uma grande mudança que afetou o Universo como um
todo.
Alguma força cósmica irresistível afetou os Grandes Antigos de tal
maneira que eles perderam sua liberdade. Os teóricos se referem a essa condição
como o Confinamento, Aprisionamento ou o Longo Sono. O fato é que os Grandes
Antigos repentinamente tiveram de se retirar para um longo exílio que dura até
os dias de hoje.
Não sabemos o que causou essa mudança. Não há nenhum tratado que
elucide de forma incontestável que evento foi esse capaz de mudar o panorama
pelos próximos milhões de anos. O fato é que esses seres tão poderosos se viram
de um momento para o outro confinados.
Há, contudo, teorias:
A primeira hipótese se refere a existência de toda uma hoste de
seres tão ou mais antigos que os Grandes Antigos. Esses seres coletivamente são
chamados de Elder Gods (Deuses Antigos) e para alguns estudiosos eles poderiam
ser mestres ou rivais dos Grandes Antigos. Teóricos postulam que eles seriam
nativos do mesmo lugar de onde surgiram os Grandes Antigos e por alguma razão
os teriam rastreado e seguido até o nosso Universo. Há especulações de que os
Grandes Antigos seriam culpados de algum crime ou ofensa.
Seja qual for a razão, os Deuses Antigos teriam lançado algum tipo
de maldição ou magia para punir os Grandes Antigos. Como efeito eles foram
aprisionados. Mas essa prisão não será eterna, por mais tempo que demore, os
Grandes Antigos são pacientes e imortais. Segundo o dogma dos Mythos, um dia
eles irão conseguir escapar deste confinamento para uma vez mais desafiar a
supremacia de seus captores.
A segunda teoria afirma que os Grandes Antigos impingiram a si
mesmos, por motivos insondáveis, seu próprio confinamento. Se isso é verdade,
nós só podemos imaginar por que eles o fizeram ao mesmo tempo e de comum
acordo. Uma teoria relacionada, sugere que o cosmos possui seus próprios
ciclos, assim como a Terra experimenta diferentes estações ao longo do ano. Da
mesma maneira que ocorre com certos animais, que necessitam hibernar durante o
inverno, os Grandes Antigos também estariam sujeitos a esse sono similar à morte.
Essa teoria é reforçada por uma peculiaridade do confinamento dos
Grandes Antigos. Ainda que estejam presos em suas tumbas, eles permanecem
sonhando com o momento em que estarão uma vez mais livres.
O árabe louco Abdul Alhazred escreveu em seu tratado mais
conhecido, o Necronomicon a famosa rima que atesta que o confinamento dos
Grandes Antigos não é perpétuo:
Não está morto Aquele que pode eternamente jazer,
E em estranhas Eras mesmo a morte pode morrer.
Para os mais versados estudiosos, as estrelas marcam a data
secreta, quando as paredes da prisão irão se desfazer. Astrônomos ao longo das
eras tentaram precisar quando se dará esse alinhamento fatídico, mas esse
segredo talvez não possa ser decifrado. Esperançosamente isso ainda levará
milênios e nós como raça não mais estaremos aqui. Do contrário a humanidade
descobrirá da pior forma seu mísero papel no plano universal.
Alguns seres humanos, os mais sensitivos, sempre foram capazes de
captar as emanações psíquicas dos Grandes Antigos. Eles recebem essas mensagens
através de seus sonhos, visões ou presságios. Ainda que muitas dessas mensagens
sofram distorção, não há dúvida de que foram elas que deram origem às
abundantes lendas sobre Titãs aprisionados e heróis adormecidos recorrentes em
tantas mitologias.
Foram estes visionários conectados com os sonhos dos Grandes
Antigos que estabeleceram os primeiros cultos. Alguns deles aprenderam magias,
rituais e cerimônias para honrar seus Deuses e esperam ansiosamente pelo dia em
que Eles despertarão.
Ao contrário dos Deuses Exteriores, um grande número de Grandes
Antigos é conhecido, eles existem em um número assustador. Eis alguns dos mais
importantes:
- Grande
Cthulhu, o Lorde octopus da cidade cadavérica de R'Lyeh, dorme sob as
águas do Oceano Pacífico em sua tumba submersa,
- A
entidade batráquia Tsathogua, cochila pela eternidade nas cavernas escuras
de N'Kai,
- Hastur, o
Inominável, habita o escuro Lago de Hali sob o signo de dois sóis em algum
lugar de Aldebaran,
- Yig, pai das
sepentes e répteis, que simboliza o medo das criaturas peçonhentas rasteja em
câmaras escuras e recessos profundos,
- Ithaqua, aquele
que deu origem às lendas dos Wendigo, compartilhada pelos povos nativos do
Norte, está confinado no Ártico, em nosso próprio planeta,
-
Y'Golonac, o brutal senhor das obscenidades e vícios habita uma cela
intransponível construída com tijolos,
- Glaaki dorme nas
profundezas de um lago de águas plácidas que de tempos em tempos se agita
evidenciando a presença de uma forma vil em seu interior,
- Cthugha, a chama
viva arde para sempre nas imediações da estrela de Formahault.
Tantos outros se encontram ocultos sob ruínas em vastos desertos,
em ilhas isoladas ou no interior de montanhas.
Usando os Grandes Antigos em suas Aventuras:
Comparativamente é muito mais fácil utilizar os Grandes Antigos em
uma aventura do que os Deuses Exteriores.
Embora os Grandes Antigos possam ser vistos como entidades
colossais, eles são muito mais acessíveis aos cultistas. Em parte isso acontece
porque diferente dos Deuses Exteriores, os Antigos possuem agendas secretas que
estando aprisionados eles se vêem incapazes de conduzir satisfatoriamente.
Pense bem: Cthulhu é um ser de poder incrível, mas ele é refém de
sua prisão subaquática. Cthulhu não pode deixar sua tumba para vagar pelo
mundo, conquistar ou espionar os oponentes. Para isso ele depende de um secto
de seres inferiores, cultistas humanos ou não, que agem em seu nome ansiando
pelas migalhas que seu Deus deixa cair como forma de recompensa.
A maneira mais fácil de usar os Grandes Antigos em aventuras de Horror
cósmico é empregar a ligação destes seres com cultos. Os Grandes Antigos sabem
da existência de criaturas nativas do planeta e embora nos considerem como
vermes, quando necessário empregam cultistas em seus esquemas uma vez que eles
mesmos não podem fazê-lo.
Esse pacto entre seres humanos e Grandes Antigos perdura há
milênios, desde que os primeiros homens - pouco mais que símios - desceram das
árvores e buscaram abrigo nas cavernas. Os Grandes Antigos enviaram para estes
iluminados a base para erguer os primeiros cultos e como presentes ofereceram
magia, conhecimento e poder. Alguns deles foram erguidos por servos dos Grandes
Antigos, seres não tão poderosos quanto seus mestres, mas que andaram na
companhia deles.
Amparados por esse alicerce, alguns destes cultos floresceram em
baluartes onde o misticismo se converteu em força motriz para o
desenvolvimento. Mesmo hoje, conhecemos o nome de alguns destes lugares ainda
que os consideremos não mais do que lendas: Atlântida, Mu, Kadath, Irem,
Shangri-Lá, Hiperbórea.
Quando essas civilizações experimentaram o ocaso, cultistas
viajaram se espalhando através do mundo, como colonos levando as palavras para
outras terras e fundando novas civilizações. O Egito, a Suméria, os habitantes
da Ilha de Páscoa, os gregos e tantos outros povos, são descendentes dos
cultistas que viajaram carregando consigo textos sagrados e artefatos que
muitas vezes sobreviveram.
A grande maioria, no entanto, desapareceu com o tempo, vítimas de
perseguições, revoltas e chacinas. É inegável que o contato entre Grandes
Antigos e humanos era mais forte na antiguidade, quando a existência dos deuses
e de um misticismo latente eram incontestáveis. A ciência e o progresso foram
responsáveis por cortar a conexão existente e atualmente a ligação é tênue.
Cultistas dos Grandes Antigos muitas vezes acreditam que possuem
uma função e que os Grandes Antigos acenam com oportunidades. Eles acreditam
que haverá uma recompensa e que seus esforços serão recompensados no dia em que
eles despertarem. Evidências entretanto sugerem que quando isso acontecer, a
humanidade será exterminada da face do planeta e este se tornará inabitável.
Cada Grande Antigo possui seus próprios planos. Sendo imortais
eles não tem pressa e não precisam se preocupar com algo transitório como o
tempo. Há indícios de que eles próprios não sabem quando as estrelas estarão em
seu alinhamento decisivo e portanto o confinamento pode durar milênios, eras...
ou terminar amanhã.
Os Grandes Antigos, no entanto, podem experimentar de tempos em
tempos, breves períodos de liberdade, quando as grades de sua prisão
enfraquecem o bastante para que eles escapem momentaneamente. Talvez isso marque
a aproximação da data em que as estrelas estarão certas e se for verdade temos
motivo para temer, visto que essas ocorrências são cada vez mais freqüentes.
Quando isso acontece a presença dos Grandes Antigos pode ser
sentida com maior clareza. Os sensitivos são inundados por sonhos e visões,
epidemias de suicídio e loucura em massa irrompem em grandes centros urbanos,
artistas criam obras bizarras, indivíduos sensíveis sentem uma alteração
cósmica como se o próprio universo estivesse em movimento. É nessa época que um
sentimento de inquietação se espalha e cultos ganham força uma vez mais,
solapados pelas promessas de falsos messias e visionários cujos sonhos febris
reverberam por congregações fanáticas.
O último grande ajuste cósmico ocorreu em 1925, quando R'Lyeh
irrompeu na superfície e o Grande Cthulhu despertou por alguns poucos
instantes. Sua presença no entanto foi sentida ao redor do mundo anos antes, em
lugares tão distintos como o Haiti, Nova Orleans, no Norte da Europa ou nas
selvas africanas quando seu culto se fortaleceu de tal maneira que sacrifícios
foram cometidos e seu nome gritado por maníacos ululando em torno de fogueiras.
Todos os Grandes Antigos estão sujeitos a essa proximidade ou
despertar temporário e esse pode ser o catalisador de uma campanha inteira
versando sobre uma dessas entidades.
O despertar de um Grande Antigo não deve ser usado à toa, ainda
que temporário, ele implica em um momento de grande perturbação na ordem
planetária. O acentuado choque de testemunhar uma ocorrência dessa magnitude
custaria boa parte da sanidade dos investigadores.
Da mesma maneira, Grandes Antigos podem ser em algumas
circunstâncias convocados. Essa invocação contudo tende a ser breve já que eles
não podem se ausentar de seu confinamento por muito tempo. Alguns rituais,
sobretudo aqueles executados por um grande contingente de cultistas são capazes
de manifestar os Grandes Antigos fisicamente. Esses rituais estão entre os mais
importantes para os cultos e ocorrem em datas específicas quando a prisão está
mais fraca. Astrônomos e visionários dentro dos cultos se ocupam de conferir as
datas mais propícias.
Nessas ocasiões sacrifícios são realizados, novos cultistas são
recrutados para reforçar as fileiras e novos pactos são firmado. Não raramente
os líderes do culto recebem visões, mulheres são impregnadas e planos são
colocados em ação para os anos vindouros. Novamente é um bom momento para que
investigadores comecem a lidar com um mistério que atraia sua atenção.
Por fim, existe um modo ainda mais insidioso de instalar a
presença dos Grandes Antigos em suas aventuras. Fazer com que os próprios
jogadores sejam o alvo das terríveis visões e presságios enviados pelos Antigos
e que pouco a pouco eles comecem a compartyolhar de seus sonhos. Qual será a
reação deles? Será que eles se renderão às promessas ou enfrentarão esse horror
de cabeça erguida à medida que suas mentes são inundadas por imagens medonhas.
Há muitas opções e os portões da insanidade se abrem sempre que o
nome dos Grandes Antigos é pronunciado.